terça-feira, 19 de abril de 2011

Resenha do filme e do livro "Let The Right One In"(Deixa Ela Entrar) e de quebra "Let Me In"


Atenção: Spoilers brabíssimos

Se você é do tipo que tem uma síncope apenas por lhe contarem trechos de filmes ou livros que ainda não viu, então abstenha-se de ler este post.

O melhor filme de terror de todos os tempos

A primeira resenha do meu blog só poderia começar  com " Let the Right One In" obra prima do diretor sueco Tomas Alfredson baseada no livro homônimo de John Ajvide Lindqvist.  Li em alguns comentários feitos em sites ou blogs sobre o meu livro, que a sinopse lembra "Deixa ela entrar". Isso não é mera coincidência, pois comecei a escrever o meu livro depois de ficar maravilhado com "Let the right one in". Usei o mesmo tema, o encontro de um menino solitário e perseguido com uma menina que é um vampiro. Porém, as semelhanças acabam no tema pois minha história é totalmente original e diferente da de Jonh Ajvide Lindqviste, pois foi baseada em acontecimentos de minha infância. Quem ler o meu livro e assistir ao filme ou ler "Let the right one in" (em inglês) poderá conferir.

O filme conta com o roteiro do próprio Jonh Ajvide Lindqvist; e o que me impressionou bastante  e me cativou, foi  o tom realista se sobrepondo ao clássico fantasioso que envolve a figura típica do vampiro usado na maioria das histórias.  O filme tem uma fotografia belíssima contrastando cenas dos apartamentos escuros e semi vazios de Oscar o garoto e Eli a menina,  com a paisagem gelada e ampla do inverno sueco servindo para acentuar a  solidão que permeia a vida das personagens. Os amantes de filmes de ação podem não gostar da combinação da trilha sonora e da sequência de filmagem que dá ideia de um filme lento, quase parado. Outro ponto magistral de Tomas Alfredson são as cenas de violência e morte que estão em off scene e acontecem apenas na mente do espectador. O filme com certeza foi feito com baixos recursos e tem algumas falhas que chegam a ser ridículas, mas não desabonam em nada a obra num todo. Tomas Alfredson também acertou em cheio na escolha dos atores que fazem os protagonistas. A Suécia não tem atores mirins e a pequena ( que cresceu ) Lina Leanderson e o garoto Kare Hedebrant  dão um show de representação (apesar de alguns tropeços) que é toda a consistência do filme.
O que cativa em "Let the righ one in" foi a maneira como o escritor J. A Lindqvist desenvolveu e o diretor Tomas Alfredson soube aplicar com maestria  as mensagens quase inperceptíveis que estão por trás da história. Nos vemos apoiando e torcendo por uma dupla composta de uma assassina fria  e de um futuro psicopata que fará as vítimas para saciar a sede de viver da pequena Eli. Na história isto está claro, mas ficamos tentados a acreditar no contrário, na inocência e na beleza da amizade e amor de Eli e Oscar. Analisando o início do filme, vemos Hakan o protetor humano de Eli que inicialmente se passa por seu pai. Apresentado como um tipo asqueroso e sem escrúpulos ( que no livro além de tudo é um pedófilo que gosta de garotos, sendo está a chave para uma das surpresas da história que não fica clara no filme) que faz as vítimas para saciar a fome da pequena vampira. Hakan é na verdade devotado á Eli e faz de tudo para protegê-la inclusive se auto-mutilando para que não seja reconhecido e com isso possam ligá-lo a Eli. Mas é gritante a maneira desprezível como ela o trata. No filme é passada a ideia que um dia Hakan foi um menino como Oscar que foi atraído por Eli passando a ser seu cúmplice e fazer suas vítimas e que depois de ficar velho e imprestável é colocado de lado. Chega a chocar a maneira com Eli o mata , apesar de ser o próprio Hakan quem implora por isso por estar preso e sem saída (no livro esta parte aconteceu de forma diferente porém com o mesmo resultado). Sem seu protetor, Eli passa a assediar Oscar com mais intensidade. Em nenhum momento fica claro que Eli tenha algum interesse amoroso por Oscar, pois nesse ponto ela é cheia de evasivas. Pode-se pereceber isso nas mensagens que ela escreve para Oscar, chega a decepcionar o  "eu gosto muito de você" quando estamos esperando um "eu te amo".
O ponto que não fica claro no filme, e que o próprio Tomas Alfredson em entrevista falou do cuidado que tomou, pois o tema  pedofilia é complicado de se abordar sem gerar alguns mal-entendidos. Mas que no livro o autor vai desenvolvendo aos poucos e em pequenas doses que vão sendo aumentadas até  a revelação que choca momentaneamente e depois é esquecida e passa a ser uma coisa quase natural até para o próprio personagem Oscar. Eli fala para Oscar se ele gostaria dela mesmo que ela não fosse uma garota.  E esse fato acaba se diluindo na ideia que Eli não seria uma garota porque é na verdade um vampiro. Mas o livro vai mais fundo nessa questão e chegamos a chave da pedofilia de Hakan que é propenso a garotos. Eli fala para Oscar que não é nem menina, nem menino, nem velha, nem nova, não é ninguém. E quando Oscar pergunta o seu nome ela diz que é Elias. Mas isso é nome de menino. Oscar diz espantado . E Eli responde apenas, pois é.  Mais á frente, Eli conta que era um menino antes de virar vampiro, e que foi castrado, e que se passa desde então por menina; por ser mais fácil para uma menina sobreviver. A princípio Oscar se sente estranho por ter até beijado outro garoto, mais depois e aos poucos vai se acostumando com a idéia e no fim Oscar e leitores acabam esquecendo que Eli um dia foi um garoto.
Oscar desde de o início do filme, sonha em se vingar de seus agressores de forma violenta. Ele quando está só, usa um canivete para atacar as árvores em volta da casa  fingindo ser seus algozes e agindo da mesma maneira que eles. E quando é anunciado nos noticiários algumas mortes causadas pelo assassino misterioso, ele fica desejando que o próximo bem que poderia ser um dos garotos que o perseguem. Além de manter um livro de recortes com notícias violentas que ele esconde em baixo da sua cama.Tudo na trama é jogada aos poucos e em pequenas doses para ir acostumando o espectador que no final acaba sendo conivente e torcendo para que os protagonistas se deem bem. O final da história também segue o mesmo padrão de deixar para o espctador a decisão de imaginar um final feliz ou trágico. O final é aparentemente feliz pois Oscar é salvo por Eli de seus perseguidores que são todos mortos. Eles acabam fugindo e o filme termina com Oscar dentro de um trem levando Eli escondida num baú. Porém, é perceptível que o ciclo se inicia  e que Oscar vai ser o novo Hakan, responsável por sua proteção e alimentação.

Sobre "Let me in". O diretor Matt Reeves fez o remake americano de "Let The Right One In"  e o filme estreiou em outubro de 2010. O roteiro  feito por Jonh Ajvide Lindqvist foi aproveitado e revisto por Reeves. A história é  mesma não mudando quase nada, o cenário no Novo México é particularmente identico ao da Suécia. O garoto aqui se chama Owen e é interpretado por Kodi Smith Mcphee de "A Estrada" e a menina se chama Abby e é interpretada por Chloe Moretz, de "Kick Ass". Não podemos esquecer de citar o talentoso Richard Jenkins de "Dança Comigo?" e "Querido Jonh" no papel do "pai". Reeves não fez muitas mudanças e o filme não é ruim e tem algumas partes que surpreendem. Os atores mirins também são bons. Richard Jenkins interpreta convincentemente o papel de "pai" na forma de um protetor já cansado de ter que proteger a pequena vampira; o que está mais próximo do livro de J.A.Lindqvist do que o Hakan do filme original que era um completo pateta em determinados momentos.
Mas o filme peca pela falta de sutileza, se na versão original temos mais tempo para degustar algumas cenas como o do ataque a mulher mais velha ( A Virginia, que tem toda uma história no filme e a cena do ataque dos gatos também é fantástica) e sua transformação. No filme de Reeves essas cenas dão a impressão que foram feitas á "toque de caixa" tal é a pressa com que foram desenvolvidas. Tem ainda a cena desnecessária, onde o goroto vê uma foto do "pai" ainda jovem junto com a pequena vampira, descaracterizando todo o mistério  que existe em torno do garoto seguir a vampira. Pois se no filme original até o espectador  fica em dúvidas quanto a isso, no filme de Reeves até o protagonista tem a certeza completa, é decepcionante.
No final das contas o filme não é ruim, e para quem é amante do tema vampiresco surge como uma opção de um bom filme. Entretanto está longe de superar o filme de Tomas Alfredson.

Na minha humilde avaliação, numa pontuação máxima de 5 estrelas, o filme "Let me In" ficaria com 4 estrelas,  O livro de John Ajvide Lindqvist,  ficaria com 5 estrelas e o  filme de Tomas Alfredson com 10 estrelas.

Tá certo, eu confesso, babei mesmo no filme. Achei demais.






  

8 comentários:

  1. Assisti às duas versões deste filme realmente inquietante e participei de algumas promos pra ver se ganhava seu livro. Ainda quero lê-lo.

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  2. Eu tenho esse livro 8D

    No caso não existe ele em português, ou eu nunca vi pelo menos :/

    Vi os filmes, e estou lendo o livro, e cada vez esse se torna um dos meus livros preferidos, a versão sueca do filme é perfeita, retrata perfeitamete o clima e os cenários do livro.

    Nota 10 para ambos, filme e livro.

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  3. Oi Evandro!

    Não tem que se desculpar por você vir armado até os dentes para defender-se, estava em seu total direito. Quando comentei sobre os cosplays é porque aquilo é uma coisa diferente de algo literário e como tal não teria como comparar. Você vive aí no Japão e aí o cosplay é algo extremamente popular e comum, bem como o visual kei e suas vertentes. Muito legal você já viver tantos anos no Japão, eu tenho muita vontade de conhecer o país, passear por Tóquio, Akihabara...bom, como pôde ver pelo meu blog sou fissurada por animes.
    Eu fico no aguardo de sua resposta maior, aprecio muito trocar idéias com as pessoas que tenham gostos parecidos...e vendo que você mora no Japão...caramba, isso deve ser muito legal! Mas deve ter sido difícil na época em que aconteceu aquela tragédia...

    Bonm, acho que poderemos conversar bastante, se você quiser. E claro que eu gostaria de ler seu livro! Não sou chegada á e-books mas abrirei uma excessão! Vou ler seu livro para depois fazer um artigo dele em meu blog!

    Vou aproveitar agora para comentar sua resenha sobre Deixa Ela Entrar...você deu spoilers cruciais! 0.0 Eu me surpreendi quando soube a verdade de Elli ve a cena em que vemos ele sendo transformado pelos dois vampiros é chocante. Mas o que mais me surpreendeu na obra foi a forma como tratou a pedofilia...eu penso que essa foi uma das razões do livro não ter sido publicado no Brasil. Numa época em que o pessoal está acostumado com histórias de amor inocentes de vampiros, Deixa Ela Entrar seria um tremendo choque. Afinal, através do Hakan até entendmeos uma parte da mente perturbada dele.
    Mas a resenha está ótim embora eu não goste dos spoilers...lembro que fiquei surpresa quando li a parte da grande revelação de Elli. Rs.
    Ah como eu faço para me tornar seguidora do seu blog?
    bjs!

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  4. Oi Evandro!
    Blz eu já estou indo na outra postagem responder ao comentário!
    E já estou te enviando um mail para o endereço que me mandou para requisitar o seu livro. E se tiver outras cositas, poderá mandar!

    Sabe eu também notei uma grande diferença entre o Lestat do primeiro livro para o segundo. Mas acho que isso já era algo intencional na mente de Anne Rice...em certas partes do livro vemos muitos ganchos de expressão em Lestat e controvérsias de opiniões. Os momentos em que ele ficava parado refletindo, eram intrigantes. O interessante em Vampiro Lestat é que existe uma cena lá que originalmente deveria pertencer á Entrevista mas talvez Rice só teve a idéia depois do livro ter sido publicado. É uma cena em que ele briga com Cláudia e percebe que por dentro ela já era mulher...e eles se beijam.
    Caramba, vc pagou caro o livro Rainha dos Condenados..eu até gostei da obra, embora como você flaou tem muitos pontos ali que fogem do contexto ao qual estávmaos acostumados antes. Não gostei da narrativa em terceira pessoa. E faltou uma explicação um pouco mais concisa sobre a origem dos vampiros..ficou algo meio espírita..e Enkil poderia ter sido muito mais participativo...você chegou a ver o Cãntico de Sangue? Lestat esta bizarramente diferente, maduro demais, talvez consicente de ser o mais poderoso vampiro vivo. Bom, isso já vinha aparecendo em Menmnoch.

    É eu preciso parar de me exigir em certos pontos..entretanto tem outros pontos que preciso urgentemente me exigir mais.

    Sobre os spoilers...bom eu já não sou fã dos spoilers..lembro que uma vez li o spoiler de algum naime e fiquei fula da vida, porque li acidentalmente...agora na outra vez passei a gostar de um personagem de Naruto(sim, eu gosto =p) depois que soube de toda a história da vida dele. Mas, quando assisti e li fiquei emocionada memso já sabendo rs.
    Nossa, eu nunca quis ver os assassinos de Agatha Cristie antes de terminar...sempre que lia os livros ficava tentando descobrir quem era o culpado rs...para ver se eu era uma boa detetive. Estou fazendo isso com uma série de anime que acompanho no momento. Mas pior que saber quem é o assasino é saber o assassino mas tentar descobrir as razões dele.

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  5. É, talvez cosplay seja um pouco de complexo de super herói, ou complexo de vilão (pois muita gente faz cosplay de vilões). Ao meu ver, que acompanho o cosplay á anos e já sou cosplayer á um tempinho, isso se resume á uma diversão, uma brincadeira de, por um dia, fingir ser aquele personagem que gosta.
    O meu cosplay de Alex de Large foi o primeiro que fiz. E até hoje é o meu preferido. Lembro que dmeorei muito para me decidir qual fazer..porém quando conheci o filme (não o vi no cinema pois na época eu nem era nascida) fiquei fascinada pela imagem que ele passa. Seja em um retrato da sociedade, da psicose, da arte...o filme de Kubrick é um conjunto de tudo e quando li o livro fiquei ainda mais fascinada com a complexidade e ousadia do autor criando uma obra atemporal e única. Não há nenhumas outra obra como Laranja Mecãnica. E sim, foi a expressão cosporal de Malcom que me fez fazer o cosplay...nem foi tanto o Alex que me motivou e sim o Malcom. Mas claro que admiro o Alex por ele conseguiu passar por tudo e continuar sendo ele mesmo. Um grande FDP, sim,mas alguém que não foi derrotado. Como aconteceu com o protagonista de 1984 de George Orwell.
    Sempre que fui em um evento como Alex, dias antes revia o filme para memorizar a postura e alguma nuance de expressão...o que mais me surpreendeu é que quando fui aos eventos o tanto de pessoas que reconheceram ,fotografaram e me elogiaram pela ousadia do cosplay foiram muito mais do que eu poderia imaginar.

    Sabe, você tocou em um ponto muito interessante sobre a juventude de Akihabara. uma coisa que eu sempre pensei que era exatamente do jeito que vocÊ confirmou. E posso te dizer com certeza que os jovens brasileiros que aderem á esses estilos do visual kei e vertentes são exatamente igual aos japoneses. ALIENADOS.
    Muitos individuos que vi em matérias de Akihabara eu achei completamente sem noção..tem estilos lá que são horriveis de doer e que não transmitem qualquer personalidade além da necessidade dúbia de aparecer. Vejo aqui no Brasil muita gente defendedo o visual kei, suas bandas e estilos, querendo compará-los á cenas urbanas. Nunca consegui ver assim, porque diferente das cenas urbanas eles são consumistas...o gothic lolita é algo puramente estético e muita gente fica fazendo inúmeras definições e modos de ser sendo que aquilo se restringe em consumismo puro e simples.

    Você mencinou o punk, gótico e etc. Sabe, anos atrás eu fiz parte da cena gótica de SP..mas era o grupo de pessoas que realmenter entendia de alguma coisa da cena. E vi muita gente sem noção ali, pessoas exageradas, que3 não entendiam praticamente nada do que deveriam entender para se integrar em uma cena. Entretanto o pessoal do Brasil exagera demais em "idealismos' e inúmeros outros "ismos" nas cenas urbanas. Vemos subgrupos dentro de subgrupos, tipos dentro de tipos, definições para cada coisa...para você ter idéia o gótico fica definido entre gótico oitentista, cyber goth, gótico tradicional, vampyros(sim, com Y) e mais uma quantidade enorme de coisas...isso deveria se limitar á estética como ocorre nos outros países, mas não! Aqui os brasileiros definem tudo certinho e ficam em grupos fechados...entre os Death Rockers existe até grupos que você só entra se for convidado e eles ostentam orgulhosamente seu simbolo, como os de SP, RJ, ES...

    Pelo menos em outros países, seja Japão, Europa e EUA vocÊ pode usar a estética que quiser, ouvindo o que quiser...aqui se você ouve X então vc é X e não Y, mesmo que curta ouvir as duas coisas. Claro que existe excessões, como os grupos em que eu ficava mas "de fora' tinha muitos de achismo...e acho que ainda tem muito disso. Já até pensei em abordar algo assim no lbog mas resolvi deixar quieto rs.
    Ah e eu já estou enciando o mail!

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  6. Ahh amei o filme e gostaria muito de ler, só que no brasil não houve tradução do livro. Muita sacanagem achei a estória ótima e queria muito saber o que houve com a vampira que na verdade é um menino, no filme não deu pra explicar muito. Parabéns pela Resenha!!!

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  7. Oskar nãos erá um novo Hakan, Eli tem uma relação diferente com ele, na continuação escrita por John Lindqvit Eli transforma Oskar em um Vampiro.

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  8. Deixa Ela Entrar tem continuação? Detalhes, por favor!

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